La tentation de Saint Antoine ©Silvia Costa
OPEN CALL_Workshop
de formação e pesquisa teatral com
John Romão e Silvia Costa
"A construção
de um demónio" a
partir de "As Tentações de Santo Antão" de Gustave Flaubert
25 a 29
Julho - Estúdios da Companhia Clara Andermatt, Lisboa
30
Julho a 2 Agosto - Montemor-o-Velho // 3 Agosto apresentação pública no Citemor
Que voz é essa que me chama, me atormenta e me empurra
para onde eu sei que não deveria ir? Quem me agarra a mão e me faz agir mesmo
que eu não queira?
Este trabalho de pesquisa e de questionamento mergulha
no discurso visionário de Gustave Flaubert e no poder da imaginação que emana
da sua obra "La Tentation de Saint Antoine" ["As tentações de
Santo Antão"]. Guiados pela personagem de Santo Antão e pelas formas que
este atribui às suas tentações, tentaremos dar imagem, corpo e voz ao lado
obscuro e fraccionado que vive em nós.
Entrar na noite negra que está em nós, iluminá-la,
enfrentar o risco de abrir uma porta que poderia ser perigosa.
O interesse desta figura, muito estudada na história
da arte, relaciona-se com uma procura do sentimento de culpa, de consciência
pessoal, de ética de cada um, cuja manifestação no nosso tempo parece precisar
de uma renovação, de um novo posicionamento. Ou talvez de um retorno à origem
do que é o humano. A realidade divide, e é nesse corte que é preciso olhar.
Como Santo Antão, várias outras figuras históricas, tais como Marco Aurélio,
Santo Agostinho ou Plotino, tiveram uma visão controversa do mundo e da sua
realidade, voltando-se para a vida enigmática do espírito, o movimento autónomo
das emoções.
Frente a um mundo que conhece uma perda de sentido,
uma incapacidade de ser entendido (para quem quer entendê-lo), encontramos a
riqueza de um mundo verdadeiro numa paisagem da intimidade.
Este é o caminho que seguiremos durante este workshop
e que levará os seus participantes a uma procura interna das formas que os
demónios e as suas tentações podem tomar, como as personagens que surgem na
obra de Flaubert. Esta pesquisa resultará na apresentação pública de um
espectáculo, no Festival Citemor.
PÚBLICO-ALVO
Intérpretes de artes performativas, entre os 18 os e
30 anos, com disponibilidade para um trabalho físico e de texto.
DIAS E LOCAIS
25 a 29 Julho (15h-18h): Lisboa / Estúdios da
Companhia Clara Andermatt (Rua Luz Soriano, 67)
30 Julho a 2 Agosto: Montemor-o-Velho / Festival
Citemor
3 Agosto: Montemor-o-Velho / apresentação pública no
Festival Citemor
CANDIDATURAS
- até 15/07/2019: data limite para inscrição através
do formulário online, onde é solicitado CV,
fotografia, carta de motivação e dois vídeos com duração máxima de 1 minuto
cada.
- 18/07/2019: anúncio dos 7 participantes
seleccionados.
A participação é gratuita.
Os gastos de deslocação e de alojamento em
Montemor-o-Velho serão cobertos pelo Festival Citemor.
Produção: Colectivo 84
Parceria: Festival Citemor
O Colectivo 84 é uma entidade apoiada pela DG Artes /
Ministério da Cultura
"As Tentações de Santo Antão" teve a sua
primeira apresentação a 5 de Junho de 2019 no Quai –
Centro Dramático Nacional de Angers Pays de la Loire, no contexto dos Ateliers
de Formação e de Pesquisa do CDN.
BIOGRAFIAS
John Romão (1984) é encenador, actor, professor e programador. Desenvolve o
seu trabalho no campo do teatro, da performance e dos cruzamentos
disciplinares.
O seu teatro tem reflectido sobre a construção de
imagens, convocando temáticas como a juventude, o género, a marginalidade, o
colectivo e o questionamento do sagrado na contemporaneidade. Dirige os seus
espectáculos desde 2002, tais como "Que difícil é ser um deus"
(2017), "Náufrago" a partir de T. Bernhard (2016),
"Teorema" (2014), "Pocilga" de Pasolini (2015), "Morro
como país" (2012), entre outros. Apresentou o seu trabalho em Portugal,
Espanha, França, Alemanha, Noruega, Eslováquia, Brasil e Argentina.
Entre 2006-2017 foi assistente de encenação do
encenador argentino Rodrigo García e assistiu Romeo Castellucci na Bienal de
Teatro de Veneza (2010-11).
Em teatro, trabalhou com Tania Bruguera, Romeo
Castellucci, Rodrigo García, Tiago Rodrigues, Jorge Andrade, Mariana Tengner
Barros, Jorge Silva Melo, Paulo Castro, Francisco Salgado, etc.
Recebeu, na categoria de Teatro, os prémios Novos 2014
e Jovens Criadores Nacionais 2012.
Tem sido professor convidado em diferentes escolas e
universidades, tais como a Escola Superior de Teatro e Cinema e a Escola
Superior de Dança, em Lisboa. É o diretor artístico e programador da BoCA -
Biennial of Contemporary Arts.
Silvia Costa (1984) é uma encenadora e performer italiana, de Treviso.
Graduada em Artes Visuais e Teatro pela Universidade IUAV de Veneza, em 2006,
tem proposto um teatro visual e poético assente numa reflexão profunda das
imagens. Combinando frequentemente os papéis de escritora, encenadora,
intérprete e cenógrafa, a sua exploração no teatro cruza diferentes territórios
estéticos.
Criou várias performances ("La quiescenza del
seme", "A sangue freddo", "Alla Traccia",
"Midnight Snack"), peças de teatro ("Figure", "Stato
di Grazia", "Quello che di più grande l’uomo ha realizzato sulla terra",
"Poil de Carotte"), instalações e trabalhos em vídeo ("Musica da
Camera", "Tabula", "Emotional Intelligence",
"Descrizione di un quadro"). Desde 2012 tem criado performances e
instalações para crianças, e desde 2006 tem participado como colaboradora artística
e intérprete em várias produções de teatro e de ópera dirigidas por Romeo
Castellucci.
A sua última criação, "Nel Paese
dell'inverno", a partir do texto de Cesare Pavese "Diálogos com
Leucó", foi estreada no Festival de Outono de Paris, em 2018, e tem
circulado internacionalmente. Em 2017-19 é artista associada do Teatro
dell'Arte/Triennale Milano, e em 2019 no Le Quai - CDN de Angers. As suas
criações têm sido apresentadas em vários festivais internacionais.